Carrinha desfaz pelotão militar
in Correio da Manhã

Viatura desgovernada atropela 16 candidatos a pára-quedistas.

A ausência de marcas de travagem ilustra a violência com que 16 recrutas pára-quedistas foram atropelados ontem de manhã, no Polígono Militar de Tancos, Vila Nova da Barquinha. Uma carrinha ligeira, conduzida por José Filipe, 38 anos, entrou desgovernada pelo pelotão e foi colhendo homens ao longo de 80 metros. 'Vi um homem a levantar os braços, mas já foi tarde', confessou o motorista ao CM, queixando-se dos militares não usarem coletes reflectores.
Três recrutas sofreram ferimentos graves. Dois estão internados em Lisboa sob prognóstico reservado: um deles em Santa Maria com politraumatismos e operado em neurocirurgia, e outro (Nélson) em S. José nos cuidados intensivos. Mais três (entre eles o terceiro ferido grave, em Santa Maria) estão hospitalizados mas inspiram menos cuidados. Onze tiveram alta.
Os 52 instruendos do Curso de Combate tinham saído da Escola de Tropas Pára-quedistas para um exercício de marcha e corrida pouco antes das 07h00. Não correram mais de 200 metros. José Filipe andava na distribuição de jornais desde as 05h00 e seguia de Tancos para a Praia do Ribatejo. Terá tido dificuldade em ver os militares, que iam no mesmo sentido. Alertado pelos gestos de um oficial na retaguarda da coluna, desviou-se repentinamente para a via da esquerda, mas ao retornar à faixa da direita colheu os 16 recrutas, todos na casa dos 20 anos.
'Foi um cenário triste', confessou o condutor. Segundo o tenente-coronel Hélder Perdigão, há muitos anos que os militares passam na estrada que atravessa o Polígono Militar e nunca tinha ocorrido um acidente 'com esta gravidade'. O atropelamento está a ser investigado pelo Núcleo de Investigação Criminal de Acidentes de Viação da GNR de Santarém e o Exército mandou abrir um inquérito para avaliar alterações aos procedimentos de segurança (...)